terça-feira, 17 de maio de 2011

Morre Lentamente

Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não houve música,
Quem destrói o seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito
Repetindo todos os dias o mesmo trajeto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
Não arrisca vestir uma cor nova,
Não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o “preto no branco” e os “pontos nos is”
A um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante,
Desistindo de um projeto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
Exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar.
Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda.


Um comentário:

Sonia B. Afonso disse...

Morre lentamente que esta habituado a si proprio a respirar no mesmo ritimo todos os dias!
Muito linda a poesia , otima escolha!

Estão na Chuva.