sexta-feira, 1 de julho de 2011

O desconhecido



Naquele dia chuvoso, resolvi passar a hora do almoço na biblioteca, era costume fazer isso, pois ali me sentia em paz, segura e viajava nos livros e aquele dia o clima estava convidativo para fazer uma boa leitura.
Passei os olhos pelas estantes, escolhi um livro e sentei-me no lugar de sempre, uma mesa no canto da sala.
Estava ali, mergulhada em minha leitura, quando levantei o olhar e vi um homem do outro lado da sala. Olhava-me por cima do livro  que estava lendo, nossos olhares se encontraram e senti meu rosto queimar. Aquele olhar cor de folha, feiticeiro, encantou-me. Timidamente baixei os olhos e continuei a leitura, mas eu podia sentir o olhar dele e isso me queimava por dentro e com certeza as reações estavam refletidas em meu rosto. 
Voltei a encará-lo, parei o meu olhar no dele e então ele sorriu, formado aquelas covinhas na face. Irresistível. Mas o nervosismo não me deixou corresponder ao sorriso dele, baixei o olhar novamente e lentamente comecei a arrumar as coisas para sair.
 Tentando parecer tranqüila, peguei o livro e guardei-o na prateleira. Ao me virar, me deparei com ele atrás de mim.
E sem tirar meus olhos dos dele, consegui perguntar.
-Quem é você? Conhecemos-nos de algum lugar?
Ele levantou o livro que estava lendo, e me deu um beijo.
Apenas um selinho, mas foi como se tivesse ateado fogo em meu corpo. E com aquele sorriso lindo, me respondeu.
-Eu sou aquele que teve a coragem de roubar-te um beijo, e que passou a acreditar em amor a primeira vista neste exato momento.
Não pude resistir à tamanha “ousadia”, e soltei uma gargalhada. Algumas pessoas que estavam por perto nos olharam sem entender nada e rindo saímos dali rapidamente, mas nossas vidas não seriam mais as mesmas.
E a viagem que antes eu fazia nos livros de romance, agora era real e estava ali para ser vivida.


           

terça-feira, 28 de junho de 2011

A Macumba.



 Houve uma época que eu resolvi  aumentar a minha renda, então comecei a vender jóias de ouro e prata.

 Um belo dia fui atender uma cliente numa cidade vizinha, mais ou menos à uma hora da minha cidade. Cheguei lá, mostrei tudo, vendi algumas peças e voltei pra casa.
À noite arrumando o mostruário (sempre deixei organizado para mostrar a próxima cliente), eu dei falta de um anel de ouro, caríssimo, procurei por tudo. Sacudi e nada do anel aparecer. Fiquei revoltada, a comissão do que eu havia vendido estava perdida junto com o anel... Chorei, esperneei,orei, rezei...
Fiz tudo o que você pensar.
Naquela noite, mal consegui dormir, no outro dia, acordei chateada. 
Passei o dia jururu... pensei em ligar pra cliente do dia anterior, para ver se eu havia deixado cair por lá, mas fiquei com medo dela pensar que eu estava desconfiando dela. Fiquei entre a cruz e a espada. 
A mãe do meu chefe viu minha cara de "fiofó mal lavada" e perguntou o que eu tinha. Aí contei tudo.
Então ela me disse:
- Ah minha filha, tenho uma simpatia ótima! (risos)
Naquela altura eu já estava topando tudo. Estava desesperada.
Então ela me ensinou a tal simpatia.
- Você pega um pano de prato, faz três nós no pano e a cada nó você fala o nome do santo (que já esqueci) e diz... são "fulano", se não aparecer o anel, eu não desamarro seu saco, vou apertá-lo ainda mais. Ah, e não conte a ninguém, senão a simpatia não funciona.
E assim foi feito. Amarrei bem apertado pra garantir a dor no saco do coitado do Santo.
Mas... Como eu não sei esconder nada, sou distraída demais, acabei deixando o pano atrás da geladeira.
Pensa que meu marido achou (agora é ex, não por causa da simpatia claro!). É lógico que ele queria saber por que aquele pano estava daquele jeito. 
E eu não podia contar.
Mas esse homem me encheu a paciência... afffff... mas se eu contasse, a simpatia não daria certo. (risos)
E meu ex, é um homem prendado, sempre fazia tudo em casa, lavava as louças todos os dias. 
Aí ele começou a falar:
- JÁ SEIII... ISSO É MACUMBA! 
Quando eu me lembro da cara dele, eu fico rindo sozinha. Foi muito engraçado. Ele com os olhos arregalados, com raiva e eu rolando de rir.
_Pára de rir, Você é uma bruxa!...Você está fazendo macumba para eu lavar as louças.. Eu lavo todos os dias... É ISSO!EU TENHO CERTEZA.
Cara... eu ria demais!...
E lá foi ele dormir com ódio de mim e da minha "macumba".
Acabei levando prejuízo, porque ele ficou uma semana sem lavar a louça. (risos)

Uma semana depois, aquela tal cliente que pensei em ligar e fiquei com medo, ligou dizendo que havia achado o anel no tapete dela, por baixo da mesa de centro. Eu quase não acreditei, pulei de alegria e fui logo desamarrar o saco do santo. .
E aí então contei para o marido o motivo dos nós. Ele rolou de rir, e até hoje quando conto esse episódio, não acredito na inocência dele, de ter pensado em macumba para que ele lavasse a louça todos os dias.

                                                                              73ª edição conto/história
Tema: Naquela noite, mal conseguiu dormir.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

Cuidado com o que deseja para os outros...


Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos
pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.







Cuidado com seus pensamentos, eles se transformam em palavras;




Cuidado com suas palavras, elas se transformam em ações;




Cuidado com suas ações, elas se transformam em hábitos;




Cuidado com seus hábitos, eles moldam o seu caráter;




Cuidado com seu caráter, ele controla o seu destino.





terça-feira, 21 de junho de 2011

TPM = Paciência zero


Meninas, vocês sabem como é complicada a tal da TPM na vida da mulher.
É "UÓ". Eu, por exemplo, durante este período se me chamar de bonita, eu estou brigando!
O meu pavio fica curtíssimo e perco fácil a minha paciência que é muita em dias normais.

Vocês sabem também a relação que nós temos com secador de cabelo. Esse objeto é essencial na vida de uma mulher. 
Pois então, como o meu  já estava muito ruim, resolvi comprar outro.
E lá fui eu lindamente com meu secador novo para casa.

Vocês devem estar se perguntando... o que tem a ver TPM e o secador?
NADA... a não ser pelo fato de que na terceira vez que usei o "bicho" simplesmente deu "tiuti”.
Agora pensem... Uma mulher na TPM, o secador queima e um cabelo metade seco e a outra metade molhado... é a morte!!!

E o pior, resolvi ir a loja trocar o "bicho queimado", afinal era novíssimo.

Um conselho de amiga.
JAMAIS VÁ TROCAR QUALQUER COISA QUANDO ESTIVER NA TPM.

Mas eu fui... Teimosa... Impulsiva... Ariana nata!
 Cheguei à loja, procurei a vendedora. Essa nada resolveu.
Ficou enrolando e passou para o gerente. Mostrei o secador "morto", e pedi outro no lugar, afinal só tinha usado duas vezes e meia.
O gerente na maior naturalidade (ele não sabia o risco que estava correndo) me disse que não poderia me dar outro na hora e que iria mandar para o conserto. 

E eu disse ainda com calma: 
- Como assim você vai mandar para o conserto? Eu quero outro novo, pois foi assim que eu comprei.  


Ele:
- Minha senhora... (palavras erradas).

- Minha senhora? Primeiro que eu não sou "sua" e muito menos "sua senhora”. E se eu comprei o secador é porque eu preciso loucamente dele (os homens não entendem as nossas necessidades).

E ele com aquele ar de quem sabe tudo:

- Mas a senhora tem que esperar trinta dias e blá...blá... blá...(lei do caralho).
- Só que eu não posso esperar, não tem nem dez dias que eu comprei. Quero um novo e agora, não quero que mande consertar este.

Ele olhou com aquela cara de "fiofó mal lavada" e me disse:

- Sinto muito, mas não posso dar outro.

E eu soltando fumaça pelas ventas, tentando contar até mil disse:

- O que eu vou fazer com "isto"? Jogar fora?
(A esta altura o secador já havia virado uma arma na minha mão).

E ele ignorando o fato de poder ser morto a qualquer momento, ironicamente disse:

-Minha senhora, o secador é teu, pode fazer o que quiser com ele.
Ah!...  Aí foi demais... Rodeia baiana... A minha contagem foi para o “beleléu”...
Olhei bem pra cara de camarão do gerente. Segurei firme o secador e atirei o secador contra a parede da loja.
(ainda consegui desviar o alvo, por que a minha vontade era atirar na testa dele), e aí foi um barulho "daqueles" e os cacos se espalharam para todos os lados.
Cara... Era um dia de sábado, a loja lotada.
O silêncio foi geral. Todos me olharam.
Olhei para o sortudo do gerente que havia acabado de ter sido poupado de um traumatismo craniano e disse:

- ERA MEU, AGORA "MEU SENHOR", É TODO SEU, E VOCÊ PODE ENFIAR OS CACOS ONDE QUISER. 

Girei os calcanhares, empinei o nariz e saí da loja sem olhar pra trás, morta de vergonha.
Mas lavei minha alma.

E a TPM? Esta continua a mesma. Só não faço mais trocas neste período.


10º Edição Sentimento

Tema: PACIÊNCIA.

sábado, 18 de junho de 2011

Maracujá.



Que doce sabor, 
azedinho gostoso
 Que acalma e faz bem.
Fruto cheiroso, vitaminado e poderoso
“Afogueia” o corpo e refresca a alma
Mara kuya é teu nome
tua forma lembra o mundo e
Tuas sementes o povo que nele habita.
Do Brasil tem as cores e o brilho também.
Na mocidade tem o viço
Na velhice o doce sabor da experiência
Deus criou-te, fruto sagrado
Com lindas flores enfeitou-te os talos.
Flores com belas cores, exuberantes e cintilantes.
Deu forma de coroa com espinhos e três pregos
Para que lembrassem as chagas de seu filho crucificado.
E que com carinho, foi chamada de “Flor da Paixão”.



9ª EDIÇÃO SENTIDOS

• Sentido da semana: maracujá

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O dia em que saí dos trilhos.

Equilibrista sou eu. Equilibro a vida e seus problemas. Estes todos têm. O que muda é a maneira de encará-los.

E uma única vez que eu saí dos trilhos foi no enterro do meu irmão. Nesse dia eu não quis ser forte. Desejei ser apoiada e mesmo sabendo de toda dor de minha mãe, eu pedi o colo dela.
Pedi que cuidasse de mim, da mesma forma que cuidou quando eu era um bebê.


Eu precisava daquele momento, porque eu sabia que aquele dia seria o único que eu poderia mostrar minha fragilidade e perder meu equilíbrio, que até então era invejado pelas pessoas que convivem comigo. Mas eu falo de invejinha boa, sabe? Falo de um sentimento bom, de ouvi-los dizer “Eu queria ser como você”.


Mas naquele dia não. Aquele dia eu me entreguei, porque sabia que os outros dias que viriam seriam os mais difíceis. Que eu teria que retomar a minha fortaleza para “segurar a onda” da minha mãe. Não foi fácil. Mas o tempo nos leva além, ele nos leva onde outra memória se inventa e outras coisas vão acontecendo. O tempo não nos leva ao esquecimento, apenas nos conforta da ausência. Deus sabe a hora certa para sofrermos e para retirar o sofrimento.


Eu continuo no leme. E o que eu aprendi diante de algumas experiências que vivi é que sou daquelas pessoas que nasceram para “cuidar”.


Eu sou a balança e tenho que estar sempre em boas condições.


Deus me deu este dom. Então que assim seja.




9ª EDIÇÃO SENTIMENTO

Sentimento da semana: desequilíbrio

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Gerente

Eu não sou uma pessoa vingativa, vivo no meu mundinho, onde me sinto protegida e basta uma vida para dar conta, a minha. Mas nem todos são como eu, algumas pessoas tem o prazer de fazer maldades e vivem cobiçando a felicidade dos outros.


Trabalhei muito tempo em Boutiques. Sempre fui dedicada, querida pelas pessoas e pelos proprietários, nunca tive problemas com nenhum deles.


E em uma delas, tive a experiência de trabalhar com uma pessoa muito má e invejosa.
Ela era a gerente da loja e usava de seus “poderes” para fazer suas maldades e sempre jogar uma vendedora contra a outra.
Mas eu como já havia aprendido a lidar com o seu jeito “serpente de ser”, não me abalava. Tentava sempre relevar, e foram inúmeras as maldades em três anos trabalhando juntos.
Um dia, numa daquelas promoções de fim de estação, comecei a atender uma cliente. Mostrei tudo a ela e as filhas, elas iam provando e separando as peças que iriam levar.

 A gerente chegou perto de mim e na frente da cliente disse para passar a venda para a outra vendedora, pois ela que iria atender e que aquela venda não era minha. Fiquei sem ação, olhando pra ela sem entender nada, não querendo acreditar no que ela estava fazendo. 
A outra vendedora também que foi pega de surpresa com a situação ficou sem saber o que fazer.
Mas eu vi nos olhos da gerente o brilho da maldade e eu, para não deixar a cliente mais sem graça do que ela já estava, entreguei as roupas na mão da outra vendedora.


Aquele dia eu senti o que era humilhação (até hoje meus olhos se enchem de lágrimas quando conto a história), morri de vergonha, mas engoli o choro e pedi a Deus para que me desse forças para superar aquele momento. E que o mal que ela estava fazendo não iria me atingir a ponto de odiá-la. Na verdade, para mim, ela era digna de pena.


E Deus ouviu as minhas preces.
Alguns minutos depois, entrou na loja outra cliente e veio diretamente a mim. Pediu para ver as bolsas, que por acaso não estavam na promoção, olhou, olhou e apontou para uma das mais caras, da marca Victor Hugo que na época custava mais de dois mil reais, e disse pra mim.
_Eu vou levar esta, quanto é à vista.
Dei o desconto e ela toda feliz foi embora com a bolsa nova.
A gerente olhou pra mim, senti que ela me esganava com os olhos. Com aquele olhar como quem diz. “você tem muita sorte mesmo”.
Naquele momento eu provei o doce sabor da vingança, não no sentido da vingança ruim, mas de que ela visse que a vida é um espelho e reflete exatamente o que desejamos.

 Se desejarmos o mal, teremos o mal.
E o sabor da maldade que ela havia me feito, amargou ainda mais o coração dela.
Queiram ver um invejoso mais infeliz do que ele já é?
Erga a cabeça e faça-o sentir a sua força interior, aquela que vem de Deus.


Algumas semanas depois, ela me aprontou mais uma, e como em todas às vezes não revidei, apenas peguei as minhas coisas e fui pra casa. Não suportei mais as maldades dela, eu não era obrigada a aturar aquilo.


Ela continua lá, reclamando, fazendo as mesmas maldades e infeliz como sempre. Eu não a odeio, mas eu a desprezo. Não existe castigo maior do que o desprezo.



E eu estou muito bem, obrigada! Longe das maldades dela e da hipocrisia daquele mundo.
Hoje não ganho tão bem como naquela época, pois eu era a melhor vendedora da loja, mas o meu dinheiro rende muito mais, e eu digo a vocês de coração, não há dinheiro que pague a minha paz de espírito.






                 Suas Palavras




Estão na Chuva.